Mordomo é aquele que administra a casa de seus patrões e zela pela integridade dos bens que ali se encontram guardados. A Bíblia é a revelação da vontade divina, por esse motivo ela ensina o papel do servo de Deus como mordomo, administrador de tudo que pertence ao Pai. O ser humano, então, deve administrar com competência os bens confiados.
“E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá” (Lucas 12.42-44).
Você precisa entender que a administração do dinheiro, seja a nível pessoal ou público, deve ser feita com responsabilidade e, acima de tudo, com honestidade. O relacionamento com o dinheiro pode direcionar o seu modo de vida. Portanto, o caminho a ser trilhado é uma decisão sua.
É preciso dar ao dinheiro o seu devido valor. Não me refiro a simples apreciação monetária, mas ao papel que ele exerce em nossas vidas. Em Timóteo 6.10, vemos que o dinheiro não é a raiz de todos os males, porquanto o amor ao dinheiro é: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.
Quando uma pessoa concede ao dinheiro mais importância do que este, de fato, merece, acaba dando lugar à ganância e à avareza. Isto é uma realidade: quanto mais dinheiro possuímos, mais queremos tê-lo em maiores quantidade. Uma vez que nossas vontades como seres humanos são ilimitadas, sempre queremos mais. Algumas pessoas possuem dentro de si tanto a necessidade de adquirir coisas novas que chegam a ultrapassar sua própria possibilidade monetária, afogando-se em dívidas e financiamentos intermináveis.
O dinheiro não é bom ou mal em si mesmo. Nós é que damos sua destinação. Por isso, entenda que ele é um meio e não um fim. É apenas um mecanismo satisfativo. O dinheiro não existe para ser adorado, mas para ser empregado na satisfação de nossas necessidades.
O que quero dizer é que não trabalhamos por causa do dinheiro em si. Trabalhamos porque precisamos atender certas necessidades que temos como indivíduos inseridos em uma coletividade e o dinheiro é o meio que a sociedade, ao longo de sua evolução, escolheu como mola propulsora das relações comerciais. Se você trabalha unicamente para ajuntar tesouros, reveja seus conceitos e esteja disposto a aprender sobre mordomia financeira.
A utilização do dinheiro deve ser justa, honesta e racional. Lembre-se das palavras do apóstolo Paulo: “Nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (v. 10b).
O amor ao dinheiro é a raiz do mal. A Bíblia condena expressamente a avareza porque ela conduz o homem ao egoísmo. “Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei” (Hebreus 13.5). É prejudicial colocar o dinheiro à frente de todas as coisas, ainda mais quando se trata de questões espirituais.
É inegável que a sociedade contemporânea gravita ao redor do dinheiro, tornando-o a razão de tudo. Mas não se esqueça de que “o que ama o dinheiro nunca se fartará dele” (Eclesiastes 5.10). De modo algum estamos dizendo que o dinheiro é prejudicial à vida do servo de Deus. Pelo contrário, o Senhor nos abençoa financeiramente porque deseja que sejamos prósperos pelo fruto de nosso trabalho. O erro está na má aplicação do dinheiro.
O verdadeiro mordomo (administrador) cristão tem o Pai Celestial como seu orientador pessoal. Sempre procure um modo de contribuir com o Reino de Deus na obtenção de seu dinheiro, ainda que este seja pouco. Não espere receber um altíssimo salário ou elevada soma em dinheiro para ajudar na obra de Deus nesta terra. A parábola de Jesus diz: “Disse-lhe o seu Senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mateus 25.23).
Algumas correntes doutrinárias que não trazem qualquer alicerce bíblico declaram que boa condição financeira caminha na contramão da espiritualidade. Isso não tem fundamento algum. Os defensores de tal corrente de pensamento se apoiam na (falsa) premissa de que a prosperidade financeira rouba a humildade do homem, afastando-o de Deus. Vemos que, diante de tal argumento, muitos são os mecanismos que podem nos afastar do Pai, sendo o amor dinheiro um deles.
A Bíblia registra um encontro de um jovem rico com Jesus (Mateus 19.16-22). Ao aproximar-se de Cristo, o jovem perguntou ao Mestre o que deveria fazer para conseguir a vida eterna, explicando que já observava os mandamentos (sendo seguidor da Lei Mosaica, é bem provável que aquele jovem fosse semelhante a um cristão de nossos dias). Ao passo que Jesus lhe disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me” (v. 21). O jovem retirou-se triste, pois seu amor ao dinheiro falou mais alto em seu coração.
Será que Jesus realmente queria que aquele jovem se desfizesse de tudo que tinha? A intenção de Cristo era mostrar a força e as consequências do amor ao dinheiro. Amar o dinheiro é colocá-lo acima de todas as coisas e fazer dele a prioridade maior de nossas vidas.
Como filhos de Deus e cumpridores de sua Palavra, temos livre acesso a toda sorte de bênçãos, tanto espirituais quanto materiais. Não é mais do que justo que venhamos a desfrutar uma vida financeiramente estável, fruto de uma administração pessoal em harmonia com os preceitos divinos?
Logicamente, a condição financeira é proporcional à dedicação e ao esforço de cada indivíduo. “E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus” (Eclesiastes 3.13). É também um princípio evidenciado após a desobediência do homem. “No suor do teu rosto comerás o teu pão” (Gênesis 3.19).
Devemos, portanto, nos esforçar para colocarmos o dinheiro no seu devido lugar, apenas como um meio para obtenção da satisfação de nossas necessidades como seres humanos (educação, lazer, alimentação, manutenção de uma vida social estável, entre outras) e não colocar o dinheiro num nível de importância superior até mesmo ao que damos às pessoas e a Deus. Fazer isso é colocar o dinheiro no lugar de Deus em nossas vidas. Precisamos estar sempre atentos à importância que damos ao dinheiro e jamais cair nas armadilhas que nos cercam.
Que Deus venha a lhe dar o discernimento necessário para colocar em prática os ensinamentos aqui apresentados. Que o Pai celestial sempre esteja com você!
Renato Collyer