A administração da vida cristã
Tudo que somos e possuímos pertence a Deus, sendo ele o criador de tudo quanto existe. A bíblia nos esclarece que logo após o Pai ter criado o homem e a mulher, completando, assim, a obra da Criação, confiou a ambos a tarefa de administrar a terra e o que nela havia. Desse modo, percebemos claramente que o ser humano foi criado para ser o administrador de tudo quanto foi criado. O próprio Deus estabeleceu o homem como seu mordomo, sem, contudo, lhe entregar qualquer direito de propriedade, reservando para si as coisas que criou.
O direito de propriedade é, podemos dizer, a
faculdade de dispor de uma coisa do modo que bem entender. Isso é justamente o
inverso do que podemos fazer em relação a tudo que Deus nos concedeu. Nesse
sentido, somos tão somente detentores. Sob o prisma bíblico, mordomia é a
administração de nossa vida individual em toda sua extensão física, moral,
material e espiritual. É o bem cuidar e o zelo de todas as atividades do
cristão, tendo como orientação a Palavra de Deus.
Mordomo é aquele que administra a casa de seus
patrões e zela pela integridade dos bens que ali se encontram guardados. A
bíblia é a revelação da vontade divina, por esse motivo ela ensina o papel do
servo de Deus como mordomo, administrador de tudo que pertence ao Pai. O ser
humano, então, deve administrar com competência os bens confiados. “E disse o
Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o
senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? Bem-aventurado
aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade
vos digo que sobre todos os seus bens o porá” (Lucas 12.42-44).
A Bíblia ensina que através da oração o filho de
Deus é cheio do conhecimento da vontade do Pai. “Por esta razão, nós também,
desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que
sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e
inteligência espiritual” (Colossenses 1.9).
A plenitude da mordomia cristã requer que alguns
requisitos importantes sejam seguidos à risca, como disposição, confiança e
obediência na execução da vontade do Senhor. Basicamente, há três modos de
identificação da vontade divina:
A vontade
absoluta de Deus (Romanos 8.28-30) é a expressão de sua soberania, sendo
imutável, inalterável. É a vontade que envolve todos as leis que regem o
funcionamento do universo. Essa vontade está oculta ao homem. Tudo que Deus
determinou segue um curso natural, não podendo ser alterado, pois já foi
pré-estabelecido deste o início dos tempos. Por esse motivo, tem como
característica principal a imutabilidade.
A vontade
permissiva de Deus diz respeito ao poder que ele tem de consentir ou
tolerar algum evento, seja positivo ou negativo, não importando o tempo e o
lugar. Tenho um exemplo bastante interessante a respeito disso. Há alguns anos
atrás, uma amiga me disse que um colega de faculdade a havia questionado o
porquê de Deus permitir que terríveis mortes acontecessem no decorrer da Primeira e Segunda
Guerra Mundiais. Creio que ele pegou o contexto das guerras por acreditar que
tinha uma abrangência e disseminação maiores por parte da mídia mundial. O
colega de faculdade de minha amiga não entendia a situação e colocava a culpa
em Deus. Dizia que Deus era culpado, porque não fez nada para conter a situação
ou para mudar o quadro. Minha amiga me disse que colocou fim à discussão quando perguntou para o rapaz: “Se eu apontar uma arma
para sua cabeça e puxar o gatilho, de quem será a culpa: minha ou de Deus?”.
A partir dessa pergunta totalmente inesperada,
também pude compreender o significado da vontade permissiva do Pai. Como já
vimos, o mundo espiritual é regido por leis. Essas leis são justas e boas,
porque a vontade do Senhor é santa, justa e agradável. Uma das leis criadas por
Deus é a lei do livre arbítrio, que se encontra implicitamente na Bíblia. Você
não vai encontrar nenhuma referência expressa na Palavra sobre essa lei. Nesse sentido,
Deus não pode agir em conformidade com uma lei em detrimento da outra. O Pai
jamais agirá de modo a anular o poder de escolha do ser humano. Do mesmo modo,
Deus “pode”, mas não “deve” (por ir de encontro a uma lei estabelecida por ele
próprio) interferir nos atos praticados pelos seres humanos, porque expressam
seu livre consentimento, seu livre poder decisório.
Porém toda regra tem sua exceção, não é mesmo?
É evidente que Deus tem o poder de fazer prevalecer
a sua vontade e impedir qualquer ação contrária, independente de quem seja. O
Senhor, no entanto, em sua infinita sabedoria e providência, nem sempre
interfere. Quanto à vontade preventiva de Deus, essa diz respeito à ação do Pai
para alertar e prevenir o homem de algum mal ou pecado. Esse foi o caso de Labão, em Gênesis 31.24: “Veio, porém, Deus a
Labão, o arameu, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Guarda-te, que não fales com
Jacó nem bem nem mal”.
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