quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O princípio 6.6Certa vez, Jesus disse: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará” (Mateus 6.6). Jesus criticou severamente o modo como os fariseus oravam, condenando a prece pretensiosa, ostentosa e que atrai a atenção.

Cristo nos concede uma preciosa lição. Ele nos ensina sobre a intimidade com Deus. Jesus sabia dominar como ninguém a arte da comunicação. Ele dominava plenamente o uso adequado das palavras. Não estou me referindo ao modo correto do emprego das palavras ou ao conhecimento apurado da gramática. Cristo usava suas palavras como um verdadeiro canhão, capaz de transpor as barreiras do preconceito e do legalismo exacerbado, pois era o único instrumento que possuía.

Suas palavras penetravam no coração das pessoas, fazendo-as pensar, refletir e mudar de opinião. Nenhum elemento coercitivo era usado. Não era preciso. Jesus as convencia devido à veracidade que sua própria história como Filho de Deus transmitia. Quando outros elementos, como a coerção, são necessários para que nossas idéias sejam aceitas, revelamos o quanto elas carecem de sustentabilidade própria.

No sentido que Jesus estava empregando as palavras para que seus seguidores o entendessem, “aposento” ou “quarto de portas fechadas” está profundamente relacionado à lugar de intimidade.

Não tenho formação acadêmica em Arquitetura, no entanto sei que a porta principal de uma casa deve dar acesso à sala de visitas. Simplesmente porque a sala representa um lugar de livre acesso. Qualquer pessoa pode explorá-la sem reservas. Não há nada de pessoal lá. Você não guarda sua roupas íntimas ou as jóias da família na sua sala de visitas.

Você consegue imaginar uma porta principal de uma casa dando acesso ao quarto? O motivo? O quarto é o lugar onde guardamos coisas especiais. O quarto representa nossa intimidade. Você não convida um conhecido do trabalho para tomar um refrigerante no seu quarto. Um amigo, porém, tem intimidade suficiente para assistir um filme ali.

Você consegue entender o que Jesus estava tentando ensinar aos discípulos? Ele ensinava por meio de parábolas, uma espécie de pequenas histórias de fácil compreensão. Ele usava esse método porque sabia que deste modo suas palavras poderiam ser entendidas desde o mais sábio dos escribas até o mais iletrado do povo. Cristo não usava métodos de persuasão, nem fazia uso de uma linguagem rebuscada. Pelo contrário, utilizava-se da simplicidade das parábolas para transmitir seu recado.

Nas relações interpessoais, a grande chave para se alcançar um objetivo, seja ele qual for, é criar uma rota de fácil acesso entre o emissor e o destinatário. É preciso deixar claro o que se deseja alcançar. Não adianta utilizar métodos inovadores ou experimentais se não conseguimos expressar de modo coeso nosso raciocínio. Faz-se necessário oferecer sempre uma espécie de ponto comum de raciocínio, ou o que eu chamo de Ponto de Referência.

A partir de um ponto de referência, é possível chegar a qualquer lugar, partindo-se de um ponto de comum acesso e entendimento ao ouvinte. Jesus sabia usar isso como ninguém. Ele falava das coisas sobrenaturais usando como referência simples situações do dia a dia, facilmente conhecidas por todos. Assim, Cristo discorria sobre assuntos até então inalcançáveis pelas pessoas, porém facilmente assimiláveis por causa do ponto de referência que utilizava.

Nesse caso específico, Jesus não fez uso das parábolas, mas do ponto de referência para esclarecer algumas coisas. Uma delas é que somente através da oração conseguimos conquistar a intimidade com o Pai. Sim, é uma questão de conquista. Ter comunhão com Deus é ter uma relação onde nada é escondido. Estar no quarto significa mostrar quem você realmente é, sem máscaras ou ilusões.

Está escrito: “Eu sou aquele que sonda as mentes e os corações” (Apocalipse 2.23). Deus conhece nossos pensamentos, somente Ele é capaz de saber o que se passa em nossa mente. Por essa razão, nosso Pai nos entende tão bem. Imagine aquela pessoa que você mais gosta, que mais tem afinidade (pode ser um irmão, esposo, namorado ou amigo). Agora pense como seria se essa pessoa pudesse saber tudo que se passa em sua mente. Como seria se essa pessoa pudesse ler seus pensamentos, pudesse saber o que você deseja mesmo antes de você falar qualquer palavra?

Certamente seu relacionamento com ela iria mudar. Vocês iriam ter uma forte ligação. Provavelmente essa pessoa teria um grau mais elevado de sua confiança em relação às demais. Sua amizade seria ainda mais forte. Assim acontece com Deus!

Ele nos conhece plenamente, melhor que nós mesmos. Devemos ter essa confiança nele, devemos estreitar nossa relação com o Pai. Assim como um grande amigo que sabe todos os segredos do outro, temos que ter plena confiança no Senhor e entregar em suas mãos todas as nossas aspirações, ansiedades, projetos e sonhos. Jamais duvide disto: O Pai Celestial deseja sempre o melhor para você. Como a Bíblia declara: “Se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial” (Lucas 11.13). E ainda: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera” (Isaías 64.4).

Lembre-se de que sua oração não deve ter como propósito atrair a atenção dos homens, mas representar o meio, por excelência, de seu encontro pessoal com Deus, para que você cresça em fé e viva uma vida cheia do Espírito Santo.


Renato Collyer
(artigo publicado pelo site http://blogueiroscristaos.blogspot.com/ em 09.11.2010)