quinta-feira, 6 de março de 2014

A administração da vida cristã


Tudo que somos e possuímos pertence a Deus, sendo ele o criador de tudo quanto existe. A bíblia nos esclarece que logo após o Pai ter criado o homem e a mulher, completando, assim, a obra da Criação, confiou a ambos a tarefa de administrar a terra e o que nela havia. Desse modo, percebemos claramente que o ser humano foi criado para ser o administrador de tudo quanto foi criado. O próprio Deus estabeleceu o homem como seu mordomo, sem, contudo, lhe entregar qualquer direito de propriedade, reservando para si as coisas que criou.

O direito de propriedade é, podemos dizer, a faculdade de dispor de uma coisa do modo que bem entender. Isso é justamente o inverso do que podemos fazer em relação a tudo que Deus nos concedeu. Nesse sentido, somos tão somente detentores. Sob o prisma bíblico, mordomia é a administração de nossa vida individual em toda sua extensão física, moral, material e espiritual. É o bem cuidar e o zelo de todas as atividades do cristão, tendo como orientação a Palavra de Deus.

Mordomo é aquele que administra a casa de seus patrões e zela pela integridade dos bens que ali se encontram guardados. A bíblia é a revelação da vontade divina, por esse motivo ela ensina o papel do servo de Deus como mordomo, administrador de tudo que pertence ao Pai. O ser humano, então, deve administrar com competência os bens confiados. “E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá” (Lucas 12.42-44).

A Bíblia ensina que através da oração o filho de Deus é cheio do conhecimento da vontade do Pai. “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual” (Colossenses 1.9).

A plenitude da mordomia cristã requer que alguns requisitos importantes sejam seguidos à risca, como disposição, confiança e obediência na execução da vontade do Senhor. Basicamente, há três modos de identificação da vontade divina:

A vontade absoluta de Deus (Romanos 8.28-30) é a expressão de sua soberania, sendo imutável, inalterável. É a vontade que envolve todos as leis que regem o funcionamento do universo. Essa vontade está oculta ao homem. Tudo que Deus determinou segue um curso natural, não podendo ser alterado, pois já foi pré-estabelecido deste o início dos tempos. Por esse motivo, tem como característica principal a imutabilidade.

A vontade permissiva de Deus diz respeito ao poder que ele tem de consentir ou tolerar algum evento, seja positivo ou negativo, não importando o tempo e o lugar. Tenho um exemplo bastante interessante a respeito disso. Há alguns anos atrás, uma amiga me disse que um colega de faculdade a havia questionado o porquê de Deus permitir que terríveis mortes acontecessem no decorrer da Primeira e Segunda Guerra Mundiais. Creio que ele pegou o contexto das guerras por acreditar que tinha uma abrangência e disseminação maiores por parte da mídia mundial. O colega de faculdade de minha amiga não entendia a situação e colocava a culpa em Deus. Dizia que Deus era culpado, porque não fez nada para conter a situação ou para mudar o quadro. Minha amiga me disse que colocou fim à discussão quando perguntou para o rapaz: “Se eu apontar uma arma para sua cabeça e puxar o gatilho, de quem será a culpa: minha ou de Deus?”.

A partir dessa pergunta totalmente inesperada, também pude compreender o significado da vontade permissiva do Pai. Como já vimos, o mundo espiritual é regido por leis. Essas leis são justas e boas, porque a vontade do Senhor é santa, justa e agradável. Uma das leis criadas por Deus é a lei do livre arbítrio, que se encontra implicitamente na Bíblia. Você não vai encontrar nenhuma referência expressa na Palavra sobre essa lei. Nesse sentido, Deus não pode agir em conformidade com uma lei em detrimento da outra. O Pai jamais agirá de modo a anular o poder de escolha do ser humano. Do mesmo modo, Deus “pode”, mas não “deve” (por ir de encontro a uma lei estabelecida por ele próprio) interferir nos atos praticados pelos seres humanos, porque expressam seu livre consentimento, seu livre poder decisório.

Porém toda regra tem sua exceção, não é mesmo?

É evidente que Deus tem o poder de fazer prevalecer a sua vontade e impedir qualquer ação contrária, independente de quem seja. O Senhor, no entanto, em sua infinita sabedoria e providência, nem sempre interfere. Quanto à vontade preventiva de Deus, essa diz respeito à ação do Pai para alertar e prevenir o homem de algum mal ou pecado. Esse foi o caso de Labão, em Gênesis 31.24: “Veio, porém, Deus a Labão, o arameu, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Guarda-te, que não fales com Jacó nem bem nem mal”.

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