sexta-feira, 4 de junho de 2010

O amor aceita o erro (parte 2 de 3)
Assim como as demais leis que regem o Reino de Deus, o perdão está ligado a uma condição. O ato de perdoar pressupõe uma reciprocidade, pois na oração ensinada por Jesus, em Mateus 6.12, Deus nos perdoa na mesma proporção com que perdoamos nossos ofensores.

Se o perdão liberado por nós for completo, seremos perdoados. Do contrário, se não perdoarmos de verdade, não seremos perdoados pelo Pai. Perceba que Cristo, na oração do Pai Nosso, não disse “quando perdoamos”, mas “assim como perdoamos”.

O perdão divino é, portanto, condicional, pois Deus perdoa livremente, não exigindo a morte da pessoa que pecou. A morte de Jesus redimiu toda condenação. Seu sacrifício pagou a pena por nossos pecados.

Em contrapartida, Deus exige somente confissão de fé e arrependimento como condições para o perdão do pecador. “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Romanos 10.9-10).

Para que o perdão divino seja concedido é necessário arrependimento e uma verdadeira mudança de pensamento.

Deus nos convida a perdoar assim com ele perdoa.

Quando uma pessoa é capaz de perdoar facilmente demonstra que está em comunhão com o Pai e que está se esforçando para parecer com Jesus em suas atitudes. O apóstolo Paulo orientou os colossenses: “Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também” (Colossenses 3.13).

Para usufruir da presença do Pai é preciso liberar perdão. Não guarde mágoas, rancor e ressentimentos em seu coração. Dê lugar somente para bons sentimentos.

Quando alguém peca contra você, ele se torna um transgressor da lei divina. Se há arrependimento e uma mudança de atitude, você precisa perdoá-lo, ou seja, libertá-lo da culpa. Quando você o perdoar, não deve mais considerá-lo como pecador. Isso significa esquecer o pecado. É claro que jamais seremos capazes de esquecer totalmente o erro como Deus o faz, mas é necessário deixar de atribuir à pessoa a culpa pelo erro que cometeu. Deste modo, você o libera de sua dívida.

Já ouvi muitas pessoas falarem: “Eu perdoo, mas não esqueço. Ele lá e eu aqui”. Quem perdoa deve realmente esquecer o que houve e não trazer à memória a ofensa recebida a cada nova oportunidade. Quem age desse maneira demonstra não ter capacidade de perdoar e, portanto, não merece ser perdoado por Deus. Se quisermos que o Senhor nos perdoe, precisamos apagar de nossa mente a ofensa recebida.

E quanto àquelas pessoas que nos fazem mal, mas que não se arrependem? Devemos perdoar esses também? Jesus disse: “Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe” (Lucas 17.3-4).

Jesus nos ensina que devemos estender o perdão quando o pecador se arrepende e confessa seu pecado. Algumas pessoas pensam que é correto perdoar as pessoas sem que estas se arrependam e peçam perdão. Essa prática, no entanto, só traz malefícios. Se libertarmos quem peca contra nós sem que essa pessoa tenha se arrependido do que fez, estaremos apenas encorajando-a a continuar com sua prática destruidora.

O perdão não pode ser uma desculpa para a prática de novos erros. Jesus nos ensina que devemos perdoar quantas vezes for preciso, mas desde que haja arrependimento. Jesus disse: “setenta vezes sete” (Mateus 18.21).

Metaforicamente, isso quer dizer que devemos perdoar sempre, quantas vezes for necessário. Isso só é possível quando estamos com Cristo, pois a sua graça nos capacita a cumprir esse preceito.


Renato Collyer
(continua...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário