
[Ir para seção audiolivros]
Qualquer pessoa que disser que perdoar é uma tarefa fácil estará mentindo. O perdão pressupõe abrir mão dos direitos próprios contra o ofensor, justamente o motivo pelo qual é tão difícil exercitá-lo. Ninguém gosta de abrir mão de alguma coisa, ainda mais quando está certo em reclamar pelo que lhe é de direito. Mas se fosse tão fácil perdoar, não haveria necessidade de se estabelecer um princípio divino em relação ao perdão.
A sociedade onde vivemos tem suas leis. Elas funcionam como mecanismo de harmonização das relações sociais. Você já imaginou como seriam as interações entre as pessoas se não houvesse um instrumento capaz de frear as más condutas? Se com as leis, a sociedade está vivendo dias de instabilidade social, imagine como seria sem elas.
De igual modo, o mundo espiritual também tem suas leis próprias. Também chamadas de Princípios, são os responsáveis pela estabilidade e o equilíbrio entre o mundo físico e o Reino de Deus. Um dos princípios do Reino é o do perdão. Jesus disse: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6.14,15).
Perceba que há uma relação de íntima dependência entre as nossas atitudes e a atitude de Deus. O perdão é uma das chaves que abrem a porta da comunhão com o Pai. Você deseja passar por essa porta e ter um relacionamento íntimo com o Senhor? Então libere perdão.
Sendo um princípio divino, o perdão faz parte do caráter de Deus. O Pai sempre concede a benção do perdão ao pecador arrependido que se apresenta perante ele com um coração sincero. “Mas contigo está o perdão” (Salmo 130.4).
Deus é misericordioso para nos perdoar e amoroso para esquecer o que fizemos. “Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão; pois nos rebelamos contra ele, e não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas” (Daniel 9.9,10).
Mesmo quando fazemos tudo errado, mesmo quando contrariamos a vontade do Senhor, mesmo quando tomamos decisões que nos afastam de sua presença, nosso Pai não nos esquece. Pelo contrário, ele continua sempre disposto a nos perdoar e a nos aceitar de volta. Seu amparo está sempre presente mesmo quando estamos longe. Na verdade, nós podemos ficar distantes de Deus, mas ele nunca se distancia de nós. Ele sempre está por perto nos protegendo. “E recusaram ouvir-te, e não se lembraram das tuas maravilhas, que lhes fizeste, e endureceram a sua cerviz e, na sua rebelião, levantaram um capitão, a fim de voltarem para a sua servidão; porém tu, ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-te, e grande em beneficência, tu não os desamparaste” (Neemias 9.17).
O ato de perdoar pressupõe uma reciprocidade. Na oração ensinada por Jesus (Mateus 6.12) Deus nos perdoa na mesma proporção que perdoamos as pessoas que nos ofendem. Se o perdão liberado por nós for completo, seremos perdoados. Do contrário, se não perdoarmos de verdade, não seremos perdoados pelo Pai. Perceba que Cristo, na oração do Pai Nosso, não disse “quando perdoamos”, mas “assim como perdoamos”.
Por acaso há uma cota exata para se perdoar? Há um limite para perdoarmos aqueles que nos fazem mal? Jesus nos deu um número: “setenta vezes sete” (Mateus 18.21). Entretanto, a matemática do Mestre é diferente da nossa. Metaforicamente, isso quer dizer que devemos perdoar sempre, quantas vezes for necessário. Isso só se torna possível quando estamos com Cristo. Através da sua infinita graça, somos capacitados a praticar o perdão.
Jesus também nos ensina que o perdão deve ser sincero. “Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (Mateus 18.35). O Senhor abomina o engano e o fingimento. O cristão deve perdoar na certeza de que seus direitos contra o ofensor são transferidos para Deus. Devemos sempre entregar nas mãos do Pai tudo que nos aflige.
Algumas pessoas oram durante anos, sem, contudo, alcançarem êxito ou mesmo resposta dos céus. Por que isso acontece? A falta de perdão representa um impedimento para que as bênçãos do Senhor fluam. É uma lei do Reino de Deus. Contra essas leis não podemos fazer nada, tão somente obedecer. “Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas” (Marcos 11.25,26).
Perdoar facilmente é um sinal de que estamos em comunhão com o Pai (Colossenses 3.13). É preciso liberar perdão para usufruir da presença real e plena de Cristo em nossas vidas. Não guarde mágoas, rancores e ressentimentos em seu coração. Dê lugar para bons sentimentos.
Já ouvi muitas pessoas dizendo: “Eu perdôo, mas não esqueço. Ele lá e eu aqui”. Quem perdoa deve realmente esquecer o que houve e não trazer à memória a ofensa recebida a cada nova oportunidade. Quem age desse maneira demonstra não ter capacidade de perdoar e, portanto, não merece ser perdoado por Deus. Se quisermos que o Senhor nos perdoe, precisamos apagar de nossas mentes a ofensa recebida.
Assim como Deus esquece nossos erros (em Jeremias 31.34 está escrito: “Porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados”), nós também devemos perdoar e, de modo sincero, esquecer. Quando ficamos livres da mágoa e da tristeza, damos lugar para Deus agir em nossas vidas. Ao liberarmos perdão, somos contemplados com toda sorte de bênçãos dos céus, como cura espiritual, libertação e fervor.
Não se esqueça de que alcançamos a salvação por intermédio do perdão divino. Deus lançou fora toda lembrança de nossos erros e nos restaurou, nos deu uma nova vida. Pense nisso na hora de perdoar quem lhe ofendeu. Mesmo cometendo muitos erros, o Senhor perdoou você.
Você é capaz de fazer o mesmo?
Renato Collyer
Em outras palavras, o apóstolo Paulo estava querendo dizer: “Não sigam as regras deste mundo, não ajam de acordo com os ditames desta sociedade corrupta, sejam agentes modificadores dela. Sejam influenciadores e não influenciados!”
Há algum tempo ouvi uma história. Talvez uma daquelas histórias que nos fazem refletir sobre nossas atitudes. Vou compartilhá-la com você.
Todas as noites, uma criança orava fazendo a Deus o seguinte pedido: “Deus, desejo que você transforme o mundo”. Os olhos do pequeno menino não aguentavam mais contemplar tanta violência, miséria e medo. Seu coração clamava por mudanças.
O mesmo pedido continuou a ser feito durante muitos anos. À medida que a criança crescia, o pedido mudava. O garoto percebeu que mudar o mundo era muito complicado. Talvez Deus estivesse ocupado com coisas mais importantes, pensou ele. Então, passou a limitar seu pedido: ”Deus, desejo que você transforme meu país”.
Os anos se passaram, e o menino, agora mais velho e desiludido, pedia: "Deus, desejo que você transforme minha cidade”. O pedido foi se tornando cada vez mais específico: “...meu bairro, minha rua, minha casa”. Depois de muitos anos, o pequeno garoto tornara-se um homem velho e cansado, porém seu coração ainda estava esperançoso. Vendo, porém, que nada havia mudado, ele fez uma última oração: “Deus, desejo que você transforme primeiramente a mim!”
Essa pequena história ilustra de modo prático o que Paulo disse aos romanos. Não adianta mudar o mundo. É preciso mudar as pessoas. É preciso mudar as atitudes, e não se conformar com este mundo.
As palavras de Paulo são o carro chefe do combate ao evangelho egocêntrico.
O egocentrismo é o estado de espírito do egocêntrico, que se refere ao ego, ao eu, considerado como o “centro do universo”. De igual modo, o egoísmo é um sentimento ou maneira de ser dos indivíduos que só se preocupam com seus próprios interesses, com o que lhes diz respeito.
O indivíduo egocêntrico se torna distante de tudo que está ao seu redor, preocupando-se unicamente com o que lhe interessa. Diante disso, utiliza o ego para satisfazer suas necessidades que ora são superficiais e ora não passam de simples desejos.
O ego é a soma total dos pensamentos, idéias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. É a parte mais superficial do indivíduo, ao qual modificada e tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante seleção e controle, de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos que emanam do indivíduo. O ego é a consciência, pequena parte da vida psíquica. Obedece ao princípio da realidade, ou seja, a necessidade de encontrar objetos que tragam um sentimento de plena satisfação.
Em um coração onde somente o eu habita, não há lugar para se preocupar com os outros, não há espaço para a verdadeira missão do cristão, a pregação da Palavra.
O evangelho egocêntrico empregado aqui é o antônimo de evangelho cristocêntrico. Quando uma pessoa se utiliza do evangelho esperando alcançar somente bênçãos para si está caminhando na contramão das palavras de Jesus: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15).
Renato Collyer
(continua...)
Salomão estava certo. Ele sabia do que estava falando. Quem poderia entender melhor do assunto? Sua sabedoria era sua excelência. E suas palavras, verdadeiras obras-primas. Ele soube valorizar.
No auge de seu entendimento, escreveu em Provérbios, capítulo 31, certas palavras que marcariam, pois inverteriam a concepção natural de uma sociedade. Ele valorizou. Ele simplesmente deu valor a quem merecia.
Salomão começa seu lindo poema com uma pergunta: “Mulher virtuosa, quem a achará?”
Será que isso significava uma espécie de desafio?
Assim como o processo de lapidação de uma jóia, a virtude exige certos cuidados. Salomão sabia disso.
A virtude é companheira da sinceridade, da amizade e, principalmente, da lealdade. Do latim virtus, a virtude é uma qualidade particular. Tem um caráter personalíssimo, uma vez que uma pessoa não pode simplesmente entregá-la a outra. É uma inclinação moral e estável para a prática do bem. Uma única boa atitude não torna uma pessoa virtuosa. A virtude exige reiteração. Uma inclinação ou aptidão pessoal. E é claro que Salomão sabia disso.
E se trocarmos a pergunta: “Uma pessoa virtuosa, quem a achará?”
O rei Salomão sabia que a virtude é o conjunto de práticas constantes, reiteradas, que levam uma pessoa para o bem. Por isso, o motivo da pergunta.
Para Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), considerado por muitos o filósofo que mais influenciou o pensamento ocidental, a virtude representa disposição adquirida para a realização do bem. Essa disposição se aperfeiçoa com o hábito, ou seja, a reiteração. Para o filósofo grego, toda racionalidade prática é destinada a um fim, é dizer, a finalidade suprema é a felicidade. Essa felicidade (eudaimonia) não encontra sustentação ou razão de ser nas riquezas materiais, mas, sim, na virtude, ou melhor, numa vida virtuosa.
Para Aristóteles, em sua obra mais importante sobre Ética, “Ética a Nicômaco”, diferentemente de nosso atual conceito, a virtude é um “justo meio”, a execelência de cada ação, o fazer bem feito, a medida justa, cada pequeno ato praticado por uma pessoa.
O apóstolo Paulo escreveu que de todas as virtudes (fé, esperança e amor), “a maior destas é o amor” (1 Coríntios 13.13).
Não vejo outra melhor maneira de finalizar uma reflexão sobre virtude do que falando sobre o amor. Somente o amor, baseado no grande e excelente amor de Deus, nos torna capazes de praticar a virtude. Não como algo esporádico, mas como uma busca constante em nossas vidas. Busque-o.
Renato Collyer
Qualidade do áudio: excelente (gravação em estúdio)
Tamanho: 10.2 mb
Clique no link para baixar o áudio da mensagem
http://www.megaupload.com/?d=CWYJOYW1
O poder da oração
Qualidade do áudio: excelente (gravação em estúdio)
Tamanho: 10.8 mb
Clique no link para baixar o áudio da mensagem
http://www.megaupload.com/?d=UMVH189N